Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 18/10/2017 às 09:11:11

“Não amemos com palavras, mas com obras”

No dia 20 de novembro de 2016 o Papa Francisco encerrou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Como sinal concreto deste evento tão importante para a Igreja católica, o Papa instituiu o Dia Mundial dos Pobres a ser celebrado, todos os anos, no 33º Domingo do Tempo Comum. O Papa explicou que esta celebração “será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”, que encerra o ano litúrgico na Igreja católica, evocando a sua identificação “com os mais pequenos e os mais pobres” . Ainda, segundo o Papa, este “será um dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e a tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa” (Lc 16,19-21). “Além disso, este dia constituirá uma forma genuína de nova evangelização (Mt 11,5), procurando renovar o rosto da Igreja na sua perene ação de conversão pastoral para ser testemunha da misericórdia” (MM 21).
Para que a celebração do primeiro Dia Mundial do Pobre não aconteça de forma improvisada, o Papa enviou com muita antecedência, no dia 13 de junho desde ano de 2017, uma mensagem com o tema: “Não amemos com palavras, mas com obras”.
Em nossa Diocese, o quanto me consta, até o momento, ainda não houve preparação por parte de nenhuma paróquia, pastoral, movimento, serviço ou organismo. Por isso, vou fazer uma síntese da mensagem, como motivação para que, ainda neste pouco tempo que antecede o dia 19 de novembro, nossos padres e agentes de pastorais organizem alguma atividade que atenda os objetivos desejados e propostos pelo Santo Padre, o Papa Francisco.
As obras concretas são as únicas capazes de contrapor as palavras vazias que com freqüência se encontram em nossa boca e de medir verdadeiramente o que valemos. Por isso, inspirado na 1ª Carta de São João, o Papa escolheu para este primeiro Dia Mundial dos Pobres o lema: “Não amemos com palavras, mas com obras. 
Desde sempre a Igreja levou muito a sério o mandamento do amor. Nas primeiras páginas do Novo Testamento encontramos o testemunho da comunidade de Jerusalém que escolhe sete homens “cheios do Espírito e de sabedoria”(At 6,3) para assumir o serviço de assistência aos pobres.
Através dos séculos encontram-se muitos testemunhos de cristãos e cristãs em dedicação completa aos pobres. Na Idade Média destaca-se a figura de Francisco de Assis que desposou a “Senhora Pobreza”, e passou longo tempo de sua vida entre os leprosos, os mais pobres entre os pobres de seu tempo. Em nossos dias, temos a figura impar de Madre Teresa de Calcutá que abandonou o conforto de um colégio de classe média alta para dedicar o resto de sua vida dando conforto aos que, em Calcutá, morriam atirados ao lixo e devorados pelos ratos.
A opção pelos pobres, lembra o Papa, não pode ser um sentimento superficial que se manifesta em gestos esporádicos de caridade. A opção pelos pobres, para o cristão, deve ser um estilo de vida, conseqüência da participação semanal na Eucaristia. Continuam muito atuais as palavras do santo bispo João Crisóstomo: “Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não tem o que vestir, nem o honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez”.
O Papa encerra sua mensagem com um convite não só aos católicos, mas também a todos os homens e mulheres de boa vontade, para que, neste Dia Mundial dos Pobres, fixem seus olhares em todos aqueles que estendem suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. “São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste.
O Papa completa seu pensamento com esta exortação: “Neste domingo, se viverem em nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura, acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. Com a sua confiança e a disponibilidade para aceitar ajuda, mostram-nos, de forma sóbria e muitas vezes feliz, como é decisivo vivermos do essencial e abandonarmo-nos à providência do Pai” (...).
“Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de que se pode lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho”.


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