Artigos de Dom Manoel João Francisco Dom Manoel João Francisco - Bispo Emérito

Postado dia 05/06/2018 às 09:54:38

Sagrado Coração de Jesus e Romaria da Unidade

Na próxima sexta feira, dia 13 de junho, nós católicos do mundo inteiro vamos celebrar a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Esta é uma celebração relativamente recente. Pois, como claramente reconhece o Papa Pio XII, o Coração de Jesus, como imagem do amor humano e divino do Verbo encarnado, chegou a ser objeto de culto especial, somente após um processo lento e gradual. A permissão para que a celebração acontecesse no mundo inteiro só foi dada por Pio IX, em 1856.

         “Embora a sua manifestação clara e a sua admirável difusão em toda a Igreja se haja realizado em tempos não muito distantes de nós”, ainda segundo o Papa Pio XII, “o culto tributado ao amor de Deus e de Jesus Cristo para com o gênero humano, através do símbolo augusto do coração transfixado do Redentor, nunca esteve completamente ausente da piedade dos fiéis” (HA 47). O que o Evangelista João “afirma dolado de Cristo, ferido e aberto pelo soldado, cumpre aplicá-lo ao seu coração, ao qual, sem dúvida, chegou a lançada desfechada pelo soldado precisamente para que constasse de maneira certa a morte de Jesus Cristo. Por isso, durante o curso dos séculos, a ferida do coração sacratíssimo de Jesus, morto já para esta vida mortal, tem sido a imagem viva daquele amor espontâneo com que Deus entregou seu Unigênito pela redenção dos homens, e com o qual Cristo nos amou a todos tão ardentemente que a si mesmo se imolou como hóstia cruenta no Calvário”.

         Tudo isso é possível apreciar de forma singular e profunda nos textos litúrgicos da Solenidade.

         A passagem do Evangelho de João que descreve o lado aberto de Cristo pela lança está previsto como leitura do Evangelho no Ano B. Serve também como Antífona de Comunhão.

         No Prefácio da Missa rezamos: “Elevado na Cruz, entregou-se por nós com imenso amor. E de seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e o sangue os sacramentos da Igreja para que todos atraídos ao seu Coração, pudessem beber, com perene alegria, na fonte salvadora”.

         No hino das I Vesperas cantamos: “Aberto foi pela lança e, na paixão transpassado, deixou jorrar água e sangue, lavando nosso pecado. Glória a Jesus, que derrama graça do seu coração, um com o Pai e o Espírito, nos tempos sem sucessão. A mesma profissão fé se repete no hino do Ofício das Leituras: “Vosso lado por nós foi aberto, revelando ao olhar dos mortais as raízes do amor invisível, da ternura com que nos amais”. Como alternativa da Coleta, o missal italiano apresenta a seguinte oração: Ó Deus, fonte de todo bem, que no Coração de vosso Filho, abristes-nos os tesouros infinitos do vosso amor, fazei que, rendendo a homenagem de nossa fé, cumpramos também o dever de uma justa reparação”.

Desde 1995, por determinação do Papa São João Paulo II, na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebra-se também o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.

No Ano da Misericórdia, em 2016, o Papa Francisco, celebrando, na Praça de São Pedro, o Dia de Oração pela Santificação do Clero com mais de seis mil sacerdotes e diáconos, assim falou:

“Os tesouros insubstituíveis do Coração de Jesus são dois: o Pai e nós. As suas jornadas transcorriam entre a oração ao Pai e o encontro com as pessoas. Não distanciamento, mas encontro. Também o coração do pastor de Cristo só conhece duas direções: o Senhor e as pessoas. O coração do sacerdote é um coração trespassado pelo amor do Senhor; por isso já não olha para si mesmo – não deveria olhar para si mesmo –, mas está fixo em Deus e nos irmãos”.

No dia seguinte à Solenidade do Coração de Jesus, a Igreja celebra a Memória do Imaculado Coração de Maria. O Papa Pio XII crê que o culto ao Coração de Jesus produzirá frutos muito mais copiosos se for unido à devoção ao Coração de Maria. Nas palavras do Papa “foivontade de Deus que, na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo; tanto que a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos seus padecimentos, aos quais foram intimamente associados o amor e as dores de sua Mãe (HA 74).

A Padroeira da Diocese de Cornélio Procópio é Nossa Senhora no seu Imaculado Coração. Há 13 anos, cada vez numa cidade diferente, celebramos esta festa com uma concentração diocesana, a que chamamos “Romaria da Unidade”. Neste ano vai ser em Cornélio Procópio, sede da Diocese. Todos os fiéis estão, não apenas convidados, mas convocados a participar. Vamos louvar Maria! Afinal de contas, foi por meio dela que recebemos de Cristo a vida divina.


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