O Concílio Vaticano II foi um grande evento eclesial de renovação da Igreja e um momento de diálogo com o mundo. Os padres conciliares, pensando na missão de evangelizar segundo o mandato de Jesus (Mt 28, 19), aprovaram, no dia 07 de dezembro de 1965, o Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja.
Esse decreto conciliar quer lembrar a todos os cristãos que a Igreja foi enviada a todos os povos para pregar a Boa Nova (n. 1). Então, tem como objetivo apontar os “[...] princípios da atividade missionária e drenar as forças de todos os fieis para que o povo de Deus [...] difunda por toda parte o reino do Cristo Senhor [...] e prepare a sua derradeira vinda” (n. 1c).
Nesse sentido, Ad Gentes faz uma bonita abordagem doutrinária da missão eclesial afirmando que “A Igreja peregrina é por natureza missionária” (n. 2). Isso evidencia que a atividade missionária é constitutivo da Igreja porque é a extensão do desígnio do Pai, da missão do Filho e do Espírito Santo. O fundamento da missão é o desejo de Deus de salvar a todos os seres humanos (n. 7).
Por isso, a missão é tarefa da Igreja. Mas a tarefa da Igreja é tarefa de cada batizado. Todos são missionários em sua essência cristã e devem contribuir para a difusão do nome de Jesus em todos os lugares da Terra. A atividade missionária supõe, nessa perspectiva, o testemunho. Onde se está, onde se vive, em terras longínquas aí é o lugar de ser missionário.
Assim, em cada cristão existe uma vocação missionária plantada pelo Espírito Santo. É seguir o Mestre Jesus fazendo o que Ele fez e dando ressonância à Sua Palavra de vida e de amor, de fraternidade e de comunhão. Portanto, ninguém está isento do dever da evangelização, mas chamado a ele como à sua mais alta e nobre vocação.
O decreto faz questão de sublinhar: “Todos os filhos da Igreja tenham consciência clara de sua responsabilidade para com o mundo, alimentem um espírito verdadeiramente católico e se empenhem generosamente no trabalho de evangelização” (n. 36b). Para essa responsabilidade é necessário estar com o Senhor, fazer a experiência d’Ele e aprender com Ele a agir com toda paciência, persistência e amor (n. 24b).
Cabe a cada missionário e missionária renovar todos os dias o espírito que os anima para partilharem com generosidade a graça que receberam e que desejam que atinja a todos os irmãos e irmãs. São inúmeros os trabalhos missionário da Igreja. Distribuídos sob a responsabilidade de Congregações religiosas, de equipes missionárias leigas, de sacerdotes, de Dioceses fazem o Reino chegar a terras distantes.
A missão é divina. No entanto, “a messe é grande, mas os operários são poucos” (Lc 10, 2). O que sustenta a missão é a oração. É preciso rezar pela messe, é preciso rezar pelos que vão trabalhar na messe, é preciso rezar pelos que são os destinatários do trabalho na messe. Afinal, é Jesus mesmo quem orienta: “Pedi, pois ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (lc 10, 2).
A missão é um convite a lançar-se nos braços de Deus e do mundo. Foi esse o chamado do Vaticano II: um novo tempo, um novo diálogo, um momento de “abrir as janelas” e sair ao encontro daqueles que estão longe, que desconhecem a Boa notícia do Reino ou que não se deixam mais encantar por ela. Que seja a opção missionária a opção de vida, de seguimento de Jesus Cristo de cada batizado.
Por Eduardo Moreira Guimarães
Seminarista da Diocese de Cornélio Procópio